Resenha
Marcos Bagno
A notável simplicidade com que Marcos Bagno trata os fenômenos sociolinguísticos nesta obra publicada em 1997, A Língua de Eulália, teve um forte impacto desde então; segundo ele várias mudanças importantes ocorreram no campo de educação linguística no Brasil. As reflexões provocadas nesta e outras obras nesta área de pesquisa demonstram que a maneira como encarados as pessoas consideradas incultas quanto que ao uso da norma padrão tem mudado sensivelmente. Marcos Bagno nesta novela sociolinguística procura mostrar que o uso de uma linguagem “diferente”, nem sempre pode ser considerado um "erro de português".
A novela inicia-se com a crítica quanto à forma “errada” com que Eulália conversa com as pessoas, esta variação linguística é explicada por meio de uma troca de experiências quando Vera, 21 anos estudante de Letras; Silvia mesma idade, estudante de Psicologia e Emília, 19 anos estudante de Pedagogia, vão à casa da tia de Vera, a professora Irene, na cidade paulista de Atibaia para curtirem alguns dias de férias de inverno e descansarem da agitada vida de professoras do curso primário em São Paulo. Lá descobrem lições preciosas com Eulália que jamais esquecerão. Os diálogos iniciam-se quando Eulália pronuncia palavras de forma considerada errada, como "os fósfro", "os home", "as pranta", "os broco", "as tauba", "os corgo", "a arvre", "trabaiá; são na verdade formas diferentes de pronúncia, e que não podem ser vistas pelos educadores como "erradas" ou "pobres", mas sim diferentes do padrão vigente que é a norma culta, aliás a própria definição “norma culta” é carregada de preconceito pois infere que as outras variantes linguísticas são incultas.
Em resposta a forma irônica com que as meninas zombam de Eulália Irene retruca com uma frase em italiano e em galego-português a professora Irene, que também é Doutora em Linguistica, chama a atenção das estudantes para que