A invenção de morel
A INVENÇÃO DE MOREL
Adolfo Bioy Casares
Em sua obra A invenção de Morel, Adolfo Bioy Casares, seleciona os fatos da realidade, irrealizando cada um deles, desautomatizando as suas funções convencionais.
Na realidade há a existência do amor por uma pessoa viva, mas não existe a possibilidade de ser imortal e na tecnologia de 1940 não existia nenhuma máquina capaz de projetar pessoas e cujo funcionamento era através da força das marés.
O autor desautomatiza o amor, quando aborda o amor do narrador por uma imagem, imagem de uma pessoa que já tinha morrido e que ele nunca conheceu; desautomatiza a tecnologia, quando aborda a existência de uma máquina que é capaz de projetar a imagem de pessoas com as suas aparências, sensações e tridimensionalidade dos corpos, com a intenção de tornar imortais essas pessoas; desautomatizando assim, de certa forma, a morte.
O ato de fingir de Bioy Casares implica na irrealização do real e o tornar-se real. Para seu ato de fingir ele usa o próprio imaginário, para assim atingir o imaginário dos leitores. Enquanto o fictício irrealiza o real, o imaginário dá ao tematizado uma aparência da realidade, e isso acontece porque a seleção dos fatos reais tem um caráter de acontecimento. E sendo assim, o leitor em seu imaginário tem a impressão de que aquilo que Casares escreveu é real, realmente aconteceu. O tema torna-se real no imaginário, tanto do autor como do leitor.
O ato de fingir é uma transgressão da realidade, sendo assim, essa transgressão reformula o mundo formulado, fazendo com que o tema abordado seja verossímil, pois leva o leitor à progressiva familiaridade com aquilo que parece estranho e sem sentido, fazendo-o acreditar que aquilo pode se tornar real. É o caso da máquina de Morel que hoje pode ser comparada às filmadoras e retroprojetores que projetam as imagens gravadas em televisões e telões.
No entanto, a obra de Casares