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Programa de Pós-graduação em Sociologia
Curso de Doutorado em Sociologia
Disciplina: Metodologia das Ciências Sociais
Professor: Jonatas Ferreira
Desconstruindo a invenção de Morel
(uma leitura do livro de Adolfo Bioy Casares)
Luiz Carlos Pinto da Costa Júnior
Janeiro, 2007
Desconstruindo a invenção de Morel
(uma leitura do livro de Adolfo Bioy Casares)
Este artigo é uma análise que se utiliza das noções de desconstrução, différance e arquivo legadas por Jacques Derrida. A intenção é fazer uma leitura específica de “A invenção de Morel”, livro de Adolfo Bioy Casares. O objetivo é oferecer uma interpretação da trama em seus aspectos filosóficos e sociológicos. Para tanto foram utilizadas as categorias derridianas expostas em textos do próprio autor, bem como em considerações realizadas por Michel Foucault, Paulo César Duque-Estrada, John Caputo e William R. Schroeder.
Palavras-chave: desconstrução, realidade, hiper-realidade, técnica, arquivo, simulacros.
1. A Invenção de Morel A “Invenção de Morel” é a narrativa de um fugitivo da justiça que se isola numa ilha na tentativa de evitar ser preso. Não se sabe desde o início até o fim qual o crime pelo qual ele foi condenado: sabe-se de sua condição de fugitivo que lhe força a buscar refúgio numa ilha. O lugar é conhecido como foco de uma moléstia “que mata de fora para dentro. Caem as unhas, o cabelo, morrem a pele e as córneas dos olhos, e o corpo vive de oito a quinze dias” (Casares, 2006). Mas nem isso impede que o fugitivo encontre meios para lá se esconder. A tranqüilidade do refúgio é rompida com o surgimento inexplicável de veranistas – inexplicável porque nenhum barco, aeronave ou dirigível chegou à ilha. E o fugitivo imagina que seu recolhimento está a partir desse momento ameaçado. Com isso, passa a viver nos baixios da ilha, uma região pantanosa, castigada pelas marés, alimentando-se de raízes e sem os confortos das