A indústria do anticomunismo - Rodrigo Patto Sá Motta
A manipulação oportunista do medo ao comunismo assumiu características diferentes ao longo do tempo e se prestou a objetivos diversos. Vários agentes sociais exploraram o anticomunismo: entre eles o Estado, a imprensa e mesmo a igreja. E isto para não mencionar o aspecto mais óbvio, as manobras empreendidas visando combater o próprio comunismo e dos perigos a ele relacionados foram executadas, em grande medida, para dificultar, pelo opróbrio, o proselitismo dos ideais revolucionários.
O mais importante da “indústria” foi a utilização do anticomunismo para justificar intervenções autoritárias na vida política nacional. A alegação era que as instituições liberal-democráticas não forneciam os meios adequados para conjurar os riscos de subversão revolucionária, tornando urgente, portanto, adoção de medidas extraordinárias. A fragilidade da democracia não estaria apenas na incapacidade de prover a repressão necessária, mas na facilidade com que permitia a infiltração comunista no aparelho do Estado.
Durante décadas, no Brasil, a tática de nomear como comunistas os anarquistas, os socialistas moderados, os trabalhistas, os nacionalistas radicais, os populistas de esquerda, a esquerda católica e, em determinadas conjunturas, até mesmo os liberais avançados. Essas aplicações indiscriminadas da expressão comunistas aos indivíduos pertencentes a esquerda, tinha como objetivo desacreditar todo e qualquer processo de mudança social. Dessa forma, alcançava-se o