Trabalho escravo
http://dx.doi.org/10.1590/S010133002008000100006 Disponível em < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi d=S0101-33002008000100006#nt29 > Acesso em 22 de agosto de 2011 às17h52min
ARTIGOS
Escravidão e sociabilidade ensaio sobre inércia social
capitalista:
um
Adalberto Cardoso Sociólogo, professor e pesquisador do Iuperj e pesquisador associado do Cebrap
RESUMO Apoiando-se em estudos historiográficos que a partir dos anos 1980 empreenderam uma ampla revisão da história social do trabalho no Brasil, o artigo apresenta algumas hipóteses sociológicas sobre a permanência de traços estruturais do passado escravista no processo de construção da sociabilidade
capitalista no país. Esse legado compreenderia uma percepção rebaixada do trabalho manual, uma imagem depreciativa do negro e mesmo do elemento nacional como trabalhadores, uma indiferença das elites quanto às maiorias pobres e uma hierarquia social extremamente rígida. Segundo o autor, esse quadro de inércia estrutural ditou os parâmetros gerais da reprodução do trabalho livre nos primórdios da ordem capitalista no Brasil. Palavras-chave: Brasil; história social do trabalho; escravidão; trabalho livre; capitalismo.
SUMMARY Based on historiographical studies that since 1980’s have undertaken a broad review of the social history of labor in Brazil, the article presents some sociological hypotheses about the permanence of structural features of slavery past in the process of building of the capitalist sociality in the country. This legacy includes a depreciated perception of manual work, a derogatory image of black and even national people as workers, an indifference of the elites toward poor majorities, and an extremely rigid social hierarchy. According to the author, this framework of structural inertia provided the general parameters of free labor’s reproduction in the beginning