a indiligência humana
Dizem que no mundo há pobres e ricos. A verdade, porém, é que só de pobres se compõe a Humanidade.
Ricos? Onde estão eles? Rico é aquele que nada carece. Rico deve ser o que se acha provido abundantemente de tudo que faz a vida feliz, que proporciona alegria de viver. Rico é o que possui, não só o que lhe basta, porém muito mais, a superabundância de todos os bens.
Onde se encontra esse rico no meio em que vivemos? Há os que têm dinheiro, mas não tem saúde. Logo, carecem de saúde; e quem carece de alguma coisa não é rico.
Além dos pobres de saúde, que são todos os homens, visto como não há ninguém isento deste ou aquele achaque, desta ou daquela mazela física ou moral. Há os pobres de paz, os pobres de inteligência, os pobres de ideais, os pobres de caráter, os pobres de vontade, os pobres de esperança e de fé, enfim, os pobres de amor que, dentre todos, são os mais desgraçados.
Onde, portanto, os ricos? Ricos de que? De orgulho, de ambição, de cobiças e desejos? De ciúmes, rivalidade e inveja? Pois tudo isso é indício seguro de pobreza, de miséria moral, de tais ricos sim, o mundo está repleto.
Fato curioso: só os pobres de dinheiro fazem praça de sua pobreza. Os demais, quando não ignoram, ocultam a carestia, em que vivem. E se alguém lhes chama a atenção para o caso, revoltam-se, pois se dizem ricos do que não possuem.
E os detentores de cabedais? Acaso as temporalidades serão, de fato, expressão de riqueza? Ouro, prata, fazendas, a quem pertencem? Quem garante e mantém o direito de prosperidade sobre os bens terrenos?
Na instabilidade e na insegurança de tal posse está outra forma de pobreza peculiar aos indevidamente chamados ricos.
Riqueza que a traça rói, que o ladrão rouba, que o tempo consome e que a morte a todos arrebata, não é riqueza, é miragem, é ilusão.
De que serve aos pobres de inteligência a posse ilusória do dinheiro? E aos pobres de sentimentos/ E aos que nem sequer possuem a si próprios?
Rico, realmente, só