A inclusão educacional
No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
“No meio do caminho”
Carlos Drummond de Andrade
O que podemos dizer de uma pedra? Lá está ela, impassível no meio do caminho. Ao nos depararmos com ela, podemos nos conformar com sua presença, retornarmos, ou mesmo fazer um desvio para continuar a andar. Podemos também ficar furiosos com aquele obstáculo incômodo e, num impulso de raiva, chutá-lo, ganhando com isso, talvez uma forte dor no pé. Podemos ainda tentar removê-la e descobrir que a pedra é muito pesada para uma pessoa só. Finalmente, movidos por nossa vontade de remover de uma vez por todas aquele obstáculo, podemos convocar nossos companheiros de viagem e, juntos conseguirmos mover a pedra de lugar, abrindo o caminho interrompido. E a pedra? Indiferente a todas as nossas ações, permanece impassível contemplando nossos atos. Aqui ou ali, sempre a mesma pedra!
Essa situação problema não trata de uma pedra, mas sim de seres humanos com os quais trabalhamos em nossas ações como educadores, psicólogos, médicos, assistentes sociais e todos aqueles que buscam compreender e agir no campo das práticas com os modos de ser humano. Sobre nós, seres humanos, seres vivos que somos, muito se pode dizer.
É característico do ser vivo interagir continuamente com os seres e o meio que o cercam, provocando e sofrendo mudanças dentro e fora de si. No nosso caso, humanos, a linguagem nos permite que, mesmo a sós, e fora dos acontecimentos imediatos, possamos exercer nossa imaginação (imaginar, pensar). Através do compartilhar de nossas ideias e da ação