A importância e aplicabilidade prática da linguística no ensino da língua materna
Foi a partir das décadas de 80 e 90 do século XX que os estudos produzidos nas ciências linguísticas começaram a se voltar para as questões do ensino de língua, provocando reflexões acerca do objeto de ensino da disciplina de língua portuguesa. Nos dias de hoje, as contribuições da linguística para o universo educacional são tão numerosas e abrangentes, que redirecionam o processo ensino-aprendizagem da língua materna, tornando-o mais interessante e eficaz.
Sem ter a ambição de fazer uma exposição do desenvolvimento e aperfeiçoamento do ensino da língua portuguesa no Brasil, retomam-se os anos de 1950. É a partir dessa época que se experimenta uma real modificação no conteúdo da disciplina português. Democratiza-se a escola: além dos filhos da burguesia, povoam as salas de aula os filhos dos trabalhadores; por conseguinte, levar ao conhecimento dos alunos as regras de funcionamento da norma culta (considerando que essa era a variedade linguística falada pelo antigo alunato) deixa de ser proveitoso, visto que já não eram todos que dominavam essa modalidade da língua. Diante da conjuntura exposta, cabe a seguinte pergunta: Se já não convinha ensinar gramática, que outra coisa passaria a ser ensinada? De que caminhos alternativos foram percorridos como tentativa de encontrar uma saída para essa situação não há dúvidas, agora algo (e isto é o que importa nesta explanação) se pode afirmar: nenhuma atitude tomada pôde de fato reorientar o processo de ensino-aprendizagem, tirando a primazia do estudo das regras gramaticais no ensino da língua materna. Por outro lado, no início dos anos 80, pôde-se vivenciar maiores avanços na área da educação. As propostas que surgem procuram dar mais conta do modo de ensinar do que propriamente dos conteúdos ensinados, passou a ser adotado um direcionamento mais flexível e uma contextualização mais próxima da realidade do aluno e com maior