A Importância do Vínculo Afetivo como Pré-requisito para Um Sonho de Liberdade: a propósito do filme
Os principais estudos sobre SD1,6,7 englobaram somente pacientes que foram levados a serviços de saúde2. Entretanto, muitos pacientes não chegam a serviços de saúde mental e optam por viver nas ruas mesmo quando poderiam viver em local adequado, seja por condição financeira satisfatória, seja por disporem de famílias que desejam recebê-los de volta, ou pela oferta de abrigos ou casas de saúde2,8. O estudo pioneiro, uma série de casos inglesa, foi realizado por Macmillan e Shaw em 19666. Os autores estudaram 72 indivíduos idosos que viviam em precárias condições de higiene. Desses, 53% (38/72) foram diagnosticados como psicóticos; 61% (23/38) eram portadores de psicose senil. De acordo com os autores, os pacientes com maior risco de apresentarem a síndrome são idosos independentes e dominadores, que moram sozinhos, com pouca ou nenhuma interação com a comunidade. Clark et al., em 1975, estudaram 30 pacientes ingleses internados por causa de doença aguda e autonegligência grave1. Os autores constataram que os pacientes apresentavam inteligência normal ou acima da média. Em 50% dos casos, nenhum transtorno psiquiátrico foi identificado. Uma série de casos irlandesa realizada na década de 1990 mostrou que 60% (17/29) dos pacientes com SD estudados apresentavam indícios de doença psiquiátrica7. As principais doenças encontradas foram demência (44%), abuso de etílicos, transtornos afetivos e parafrenia. Descrições mais recentes relatam a ocorrência de SD em associação com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtornos de personalidade (especialmente o transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva), esquizofrenia, demência, e até mesmo acidente vascular cerebral3,9. No caso presente, a única comorbidade psiquiátrica encontrada foi depressão maior. Ainda que a paciente tenha começado a ingerir bebidas alcoólicas recentemente, seu padrão de uso não configura abuso. rome de