APOSTILA DE JOGOS 2
Ao realizar esta breve análise histórica do jogo, tomando como referência, entre outros, os estudos de Ariès (1981), Brougère (1998), Huizinga (1990), De Masi (2000) percebemos que sempre existiram, nos diferentes períodos históricos, posições favoráveis e contrárias ao jogo.
A origem das primeiras reflexões sobre a importância do jogo é muito remota. Platão, segundo Almeida (1998, p. 19-20), condenava, na Grécia, as atividades que exacerbavam a competição e o resultado. O filósofo defendia o jogo como um meio de aprendizagem mais prazeroso e significativo, de maneira que, inclusive, os conteúdos das disciplinas poderiam ser assimilados por meio de atividades lúdicas. A Matemática, por exemplo, na sua fase elementar, deveria ser estudada, de acordo com a visão de Platão, na forma de atividades lúdicas extraídas de problemas concretos, de questões da vida e dos negócios. Aristóteles na interpretação de Brougère (1998, p. 28), afirmava ser o jogo um meio de relaxamento, divertimento, descanso e resgate de energias para as atividades humanas sérias. Apesar do trabalho ser considerado a atividade mais importante, o jogo era um meio de recuperação para as atividades produtivas.
Os romanos, influenciados pelos etruscos, concebiam o jogo como atividade carregada de sentidos; transformavam-no, por um lado, num espetáculo, numa simulação do real, que arrebatava multidões; por outro, era visto como um valioso meio de exercitação de conhecimentos, habilidades e atitudes, isenta de provocar conseqüências para a realidade. (BROUGÉRE, 1998, 36-39).
Na Idade Média, Ariès (1981) aponta duas posições conflitantes:uma tendência de formação disciplinadora, que defendia a mortificação do corpo e, portanto, condenava o jogo, considerando-o como atividade delituosa, comparável à embriaguez e à prostituição. Uma outra visão, assumida pelo conjunto da sociedade, que concebia o jogo como atividade de grande relevância cultural, pois