A Fé e a Razão
A Filosofia não se satisfaz com o imediatamente dado, com os fatos externos do mundo ou com a experiência subjetiva interna. Transcende os diferentes campos, enquanto volta seu olhar para o todo de nossa realidade. Orienta-se para as estruturas fundamentais, para aquilo em que se apoia o real e nosso saber sobre ele. Fé e razão encontram-se na transcendência do fático, embora em perspectivas diferentes. A Filosofia somente tem compromisso com uma visão racionalmente fundada, mas não com uma tradição autoritativa. Seu caminho e critério é a razão responsável em si e para si. A Filosofia formula a simples exigência de juízos racionais. Isso não significa que, de antemão, deve rejeitar as afirmações da fé que funda nosso mundo no âmbito do divino ou transcendente. A indagação filosófica racional tem uma orientação semelhante. Mas não pode esgotar-se na explicação de uma tradição da fé. Para ela vale somente o que se pode justificar racionalmente. Com isso abre-se o campo para um diálogo fecundo entre Filosofia e Teologia, entre fé e razão.
Por sua vez, a fé pode interessar-se em discernir, com a ajuda da Filosofia, conteúdos essenciais de outros secundários para obter bases mais sólidas. Por outro lado, a fé pode proteger a Filosofia contra reduções racionais, evitando que chegue a conclusões apressadas que contradizem a abertura e o alcance da razão. A fé também não deve fugir das objeções da razão científica, mas deve estar disposta a argumentar. Se realmente busco a verdade, em princípio, devo interessar-me na discussão. Cada postura deve justificar-se perante o fórum crítico da razão. O acesso à verdade somente é possível através do dialégesthai (dialogar). Por