A feitiçaria na modernidade
Pesquisar a feitiçaria na modernidade é de crucial importância, pois é um objeto que após uma devida observação e análise, é revelador para a história da cultura popular na Europa (um dos exemplos é a obra de Carlo Ginzburg “Os andarilhos do bem”), assim como para abordar questões de religião e igreja, dos próprios cultos de feitiçaria, e até mesmo em outras áreas, como a história da arte, visto que há uma larga produção iconográfica acerca da feitiçaria.
No entanto, o tema também é observado por alguns pesquisadores para tratar de questões em que a feitiçaria está relacionada direta ou indiretamente. Laura de Mello e
Souza, por exemplo, o coloca como “objeto privilegiado” para pensar a passagem da
Idade Média para a Modernidade, ou seja, a periodização da época moderna. Além disso, levanta que a feitiçaria é um elemento constitutivo do período, em suas diversas manifestações, como a literatura, vocabulário, produção intelectual, etc.1.
Paolo Rossi, ao tratar sobre a ideia de progresso e a relação com o campo científico e depois com a Revolução científica, aponta a feitiçaria como uma prática de conhecimento corrente e aceitável, a partir da linha mágico-hermética (o que contradiz ou complementa muitos autores), porém, sem o caráter institucional e público da imagem moderna de ciência2.
Ainda na chave do progresso, porém, no âmbito das descobertas de novas terras, a feitiçaria, e de uma forma nova e mais importante, a demonologia, ou seja, o pensamento sistemático acerca das crenças das práticas diabólicas e de sues agentes (os bruxos), e como reconhece-las, julgá-las e extirpá-las, são objetos de estudo pois o conhecimento da figura do diabo atravessa o atlântico e ganha terreno no contato com as sociedades autóctones – uma vez que não era uma questão resolvida na Europa, pelo contrário, como veremos adiante.
Aliás, para Laura de Mello e Souza, que pesquisa substancialmente a
demonologia