Dannyel Castro
Ao elemento não-racional do sagrado o autor atribuiu o termo “irracional numinoso” que corresponde ao aspecto experiencial, já que não pode ser compreendido ou explicado. O numinoso não é, pois, nada além da vivência do ser humano com algo sacro, uma vez que apenas o sujeito que viveu a experiência religiosa é capaz de entendê-la. Sob esta perspectiva, o autor acredita na impossibilidade de um diálogo entre o homem religioso e o homem não-religioso, pois o segundo naturalmente não entende nada do numinoso, da experiência com o sagrado.
Otto assinala que os diversos sentimentos tornam-se mais intensos na experiência religiosa, especificamente cristã, do que em outros domínios da vida, o que se explica no que o autor chamou de “estado de criatura” (p.14), ou seja, um sentimento de que “algo está fora de mim e fora de meu alcance”, o que também pode ser entendido como a reação do homem diante do sagrado. Esse “estado de criatura” se relaciona com o medo e com o amor, já que há, em concomitância, encanto e espanto por esse “fator externo”, algo que, segundo o autor, razão e ciência certamente não conseguem explicar (p.15).
O autor destaca ainda o conceito de mysterium tremendum, que não se trata do mesmo sentimento de medo comum do homem, e sim o “mistério que faz tremer”. Segundo Otto, “o temor, a angústia, o medo podem encher nossa alma e ultrapassar toda nossa medida sem que se encontre o menor traço do sentimento de sinistro” (p.20). Em outras palavras,