Doença e saude em moçambique
Em Moçambique desde há muito que se detectam evidências da germinação de sistemas médicos híbridos. Esta hibridização inclui mesmo o modelo médico moderno, criando espaço para a sua actuação. Vista desta perspectiva, a vitalidade das medicinas tradicionais é um espelho das dificuldades de uma biomedicina que parece não conseguir alcançar os seus objectivos. A hibridização dos conhecimentos terapêuticos constitui uma diversidade entremeada de apropriações transformadas, e não cristalizadas no espaço e no tempo, como tantas vezes sugerem os «valores tradicionais».
A dicotomia oficial/não-oficial é definida pelo Estado, sendo este quem estabelece, pelo direito, uma distinção mais ou menos explícita entre o que é legal e o que é ilícito. No caso da medicina, tudo o que é reconhecido como medicina oficial é alvo de apoio por parte do Estado. Toda a medicina que não é reconhecida como «estatal» é tolerada, mas continua sendo mais frequentemente ignorada, porque pouco permeável a imposições e controlo por parte da biomedicina.
A formalização, em curso, da medicina tradicional, é a causa da sua fragilidade, sendo esta tentativa de normatização reflexo da natureza do próprio Estado em Moçambique. Vista da perspectiva da medicina moderna, a medicina tradicional surge como abrangendo vários saberes, como a biologia e a química (i.e., as plantas usadas como remédios e os extractos/compostos activos que delas é possível extrair), a biomedicina (o tratar, o curar do corpo), a justiça (o resolver de problemas, de