A falacia no ensino de Portugues
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A FALÁCIA DO ENSINO DE PORTUGUÊS
Afrânio da Silva Garcia (UERJ)
1 – INTRODUÇÃO Poucas matérias são mais estudadas do que o português, nossa língua vernácula. Se somarmos os oito anos dedicados ao ensino de português no primeiro grau com os três anos do segundo grau, chegaremos a um total de onze anos de ensino de português. Levando-se em conta que, cada ano letivo, na pior das hipóteses (ou melhor, como discutiremos mais adiante), compreende oito meses, teríamos, no total, oitenta e oito meses de efetivo ensino de português. Se atentarmos para o fato de que cada período de quatro meses comportará, necessariamente, dezessete semanas, chegaríamos a uma soma de trezentos e setenta e quatro semanas de ensino de português. Se, finalmente, multiplicarmos esse número de semanas pelo número mínimo de horas ao qual o aluno fica sujeito ao ensino de português por semana, que, mesmo nas piores escolas, nunca é inferior a quatro horas-aula, chegaremos a incrível soma de mil quatrocentos e noventa e seis horas-aula dedicadas exclusivamente ao ensino da língua portuguesa, uma língua que o aluno, de uma certa maneira, já domina. Seria de se esperar que os alunos submetidos a esse processo pedagógico, após passarem por essa assombrosa quantidade de aulas sobre um assunto do qual já possuíam um certo conhecimento, chegassem ao término de seus estudos com um domínio perfeito do seu idioma pátrio. Muito pelo contrário: a maioria dos alunos que concluem o segundo grau no Rio de Janeiro demonstra uma inabilidade lastimável na hora de produzir um texto escrito ou mesmo discorrer oralmente sobre um tópico que requeira uma análise apenas um pouquinho mais aprofundada; cometem erros gritantes de ortografia, concordância, estrutura frasal; e, confrontados com qualquer palavra ou expressão um pouco mais erudita, evidenciam um desconhecimento cabal de seu significado. Em suma, um fracasso absoluto do ensino da