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Resenha - Preconceito linguístico: o que é, como se faz
Haja vista a grande diversidade cultural brasileira, as desigualdades sociais e os estereótipos construídos preconceituosamente, atrelou-se à padronização culto-linguística imposta pela gramática normativa no Brasil mais um tipo de preconceito, há muito enraizado, em relação à execução do meio de comunicação mais importante da humanidade: a fala. No livro “Preconceito linguístico: o que é, como se faz”, Marcos Bagno desenvolve uma interessante reflexão a este respeito, abordando e desconstruindo mitologias e estruturas dos preconceitos relacionados às variedades linguísticas brasileiras desprestigiadas.
O autor é escritor, tradutor e linguista, com ampla lista de obras publicadas, que englobam sociolinguística, literatura infanto-juvenil e questões pedagógicas sobre o ensino de português no Brasil. Utiliza no livro linguagem acessível, sem preciosismos, assumindo tom irônico por vezes, concomitante à sua crítica, a qual envolve a relação entre referido comportamento discriminatório com a manutenção do poder das elites e opressão das classes sociais menos favorecidas, incorporando as discussões e propostas das ciências da linguagem e da educação.
O livro é substancialmente dividido em quatro partes, que tratam da mitologia dos preconceitos linguísticos, dos elementos constituintes e mantenedores do preconceito na sociedade, da educação linguística como forma de desconstrução desse comportamento e do preconceito ligado à ciência linguística. Ao desmitificar dogmas conservadores, com os quais são sustentados argumentos como os de que “brasileiros não sabem portugês” ou que a língua deve ser falada do modo como é escrita, critica-se a característica rígida do sistema normativo, o qual não admite a flexibilidade e evolução que a língua falada proporciona. Neste sentido, são levantadas questões importantes, como a da inversão dos papeis da língua e da gramática na sociedade. A gramática, naturalmente

subordinada