Mestre
Wagner Muniz de Andrade (PPGE/UERJ/EB/CEP) wagnermun@ibest.com.br 1. Introdução
Este artigo é um recorte de nossa dissertação de mestrado, intitulada O gênero militar parte: aplicações para o ensino acadêmico de língua portuguesa, que tem como objeto de estudo o domínio discursivo militar (do Exército Brasileiro) e um dos gêneros desta comunidade militar. Ao focalizar essa temática, buscamos compreender as características específicas do gênero parte e mostramos seu funcionamento no domínio militar, seus sub-tipos e seu ensino.
O ensino de língua materna na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), que é ministrado pela Cadeira de Português da referida Academia, é voltado para a produção de textos, não havendo em seu currículo o ensino de conteúdo gramatical, já que se pressupõe que o cadete domina as estruturas da língua (morfossintaxe, ortografia etc.). Na concepção da Cadeira, se ainda houver alguma dúvida sobre algum tópico gramatical, o discente será atendido individualmente ou o problema deverá ser apresentado à turma de aula para discussão.
Essa perspectiva de ensino baseia-se na proposta de ensino de língua apresentada por Geraldi (1984, Apud Rojo, 2009), em que o texto deveria ser a principal “unidade de trabalho” do docente de Língua Portuguesa. Segundo Rojo (2009, p. 88), essa obra alertava para a proposição de que o texto não deveria servir como um pretexto ou base para outras práticas, como ortografia, gramática ou o ensino das figuras de linguagem. Assim, é nesse momento que o autor veicula um novo termo: a produção de textos, que é a principal característica do ensino de Língua Portuguesa na AMAN.
Podemos observar, que a proposição apresentada por Geraldi (1984) é pertinente para o ensino de Língua Portuguesa, no entanto, ao se apropriar desse modelo,