A escravidão no brasil
Segundo o autor, esta obra é fruto de sua postura diante da História; aquela “de pesquisar com seriedade para que o processo histórico possa ser realmente revelado e não falsamente intuito”. Pinsky enfatiza dois aspectos: o caráter brutal da escravidão e o inconformismo do negro com sua situação de escravo. Crítica a historiografia que transmitiu a imagem do escravismo brando, dizendo que “a idealização pacifista do passado procura justificar a repressão a movimentos populares no presente”. Aponta o interesse português no negro não só como força de trabalho, mas também como mercadoria. A escravidão colonial brasileira, segundo ele, está vinculada à forma de organização da produção na grande lavoura de exportação e ao interesse de traficantes. Se, por um lado, há uma preocupação dentro do sistema com as condições do tráfico para garantir a sobrevivência da “mercadoria” ou da força de trabalho, por outro lado, as viagens são brutais e inúmeras as mortes. (...) O autor assinala um choque de concepções na estrutura escravista: de um lado o interesse do sistema em estabelecer regras para a relação senhor-escravo; de outro o senhor que não admite limitações ao seu direito de proprietário. A própria legislação se identifica com a repressão. Neste sentido também, a religião católica é considerada por Pinsky como uma forma de controle social do escravo, pregando a resignação e a salvação eterna. Discorre sobre a vida cotidiana do negro, que varia de acordo com o local de trabalho; sobre o lazer e o trabalho extra, sobre o sexo, a família e a religião. Refutando a historiografia que apresenta a idéia de uma sociedade pacifista e de um negro submisso, Pinsky mostra como os escravos reagem aos maus tratos e à falta absoluta de liberdade. Organizam fugas, solitárias ou em bandos; refugiam-se em quilombos, contra os quais são preparadas investidas agressivas. Os escravos chegam, às