A escola francesa de geografia
Armen Mamigonian
Departamento de Geografia da USP
Introdução
1.
A necessidade do estudo das bases teóricas da geografia e do pensamento dos mais importantes geógrafos se manifestou fortemente nos anos 50 e 60 do século XX, um século após a consolidação da geografia, fundada na Alemanha por A. von Humboldt (1769-1859) e K. Ritter (1779-1859) e meio século após a consolidação da geografia francesa, fundada por P. Vidal de la Blache (1845-1918), historicamente a segunda grande escola geográfica do Mundo, aliás concorrentes entre si na primeira metade do século XX na batalha pela hegemonia das idéias em nossa disciplina.
Nos anos 50 e 60 foram publicados dois grandes balanços sobre o percurso da geografia, organizados por Griffith Taylor e A. Cholley[1] e desde então não cessaram os estudos sobre objetos, métodos, paradigmas, etc da geografia e o pensamento dos geógrafos considerados importantes em nossa história. Pretendemos chamar a atenção sobre André Cholley (1885-1968), cuja vida intelectual coincidiu com a ascensão e hegemonia da geografia francesa à escala mundial na primeira metade do século XX e cujo auge intelectual e dirigente se deu entre os anos 1945-55, quando além de professor de geografia física, foi diretor do Instituto de Geografia e Doyen da Faculdade de Letras de Paris (Sorbonne), na época em que conviveu naquela instituição com Max Sorre e nela introduziu J. Dresch e P. George.
Curiosamente não existem estudos e referências suficientes sobre A. Cholley, no sentido de decifrar sua importância na geografia francesa, onde começou a se destacar pelas mãos de Emm. De Martonne, orientador de sua magistral tese sobre Les Préalpes de Savoie (1925), depois portanto da série de geógrafos formados no início do século por P. Vidal de La Blache, que defenderam suas teses anos antes, como R. Blanchard, Max Sorre, A. Demangeon, o próprio De Martonne e outros, tendo sido uma tese eminentemente