A era da iconofagia
Norval Baitello Júnior – Hacker Editores, SP, 2005
Capítulo 3 – A Sedação (pg. 31-37)
Mídia e Sedação
Primeiro Bloco: A mídia
A palavra “mídia” tem uma história bastante simples, significa “meio”. É uma palavra antiqüíssima, vem do latim “médium”, que deu em português também a palavra “médium”, que, passando pelos Estados Unidos, retornou ao espaço latino com pronúncia americanizada. E a pronúncia americanizada, ou anglicizada, se transformou em escrita. Então, no Brasil passou a se escrever “mídia”, transcrição da pronúncia inglesa para o plural latino de “médium”, que tanto em latim quanto em inglês se escreve “media”. Mas a palavra tem raiz mais profunda. Na língua da qual vem o latim e quase todas as outras famílias lingüísticas européias, o indo-europeu, essa palavra já existia, “medhyo”, e já significava “meio”, “espaço intermediário”. E ela poderia ser traduzida hoje, em tradução livre por “meio de campo”. Assim, a mídia não é outra coisa senão “meio de campo”, o intermediário, aquilo que fica entre uma coisa e outra.
E é claro, é usada no sentido restrito da comunicação, aquilo que faz o meio de campo comunicacional. Quando lemos nos jornais o uso da palavra “mídia” encontramos com muita freqüência a palavra referindo-se apenas aos meios de comunicação. Mas se lavamos em consideração o processo comunicativo como tal, haverá neste uso uma redução significativa e indevida no alcance da palavra mídia. Afinal, a comunicação começa muito antes dos meios de comunicação de massa, muito antes da imprensa, do rádio, da televisão. Antes mesmo da invenção da escrita. A mídia começa muito antes do jornal, da televisão e do rádio. A primeira mídia, a rigor, é o corpo – e por isso chamamos o corpo, portanto, de mídia primária.
Quando duas pessoas se encontram existe uma intensa troca de informação, e portanto, um intenso processo de comunicação por meio de inúmeros vínculos, inúmeros canais,