A era da iconofagia RESUMO
A era da iconofagia. Devorar imagens? Ser devorados por elas?
Reflexões sobre comunicação, mídia e cultura
A comunicação não é apenas ferramenta do homem, ou seu instrumento; a cultura não é apenas um entorno de cenografia ou um pano de fundo decorativo. Tanto os processos comunicativos quanto os processos culturais se desenvolvem como ambientes sociais e históricos complexos que não resistem a visões reducionistas ou simplificadoras. Assim, a necessidade de olhares transversais num mundo que frontalmente ainda se encanta com os próprios dígitos foi a motivação primeira deste livro que nasceu da reunião de alguns olhares críticos sobre os processos desencadeados pelos meios de comunicação e seu efeito sobre o “meio ambiente cultural” no qual vivemos. O ponto de vista adotado propõe o estudo dos fenômenos de comunicação e mídia a partir de um conceito intencionalmente ampliado de mídia: não apenas o jornal, o rádio, o cinema, a televisão e a internet são aqui considerados meios de comunicação ou mídia. Esse caminho opta por enfocar, como componentes ativos dos meios, suas duas pontas, frequentemente esquecidas, sob o pretexto de serem apenas entorno: a ponta geradora de toda comunicação, que se constitui de um corpo, e a ponta-alvo do mesmo processo, que igualmente existe em sua natureza primeira de corpo. De nenhuma das duas pontas se dissociam suas qualidades de portadores de memórias, história e historicidade, portanto de cultura. Acatam-se assim algumas das premissas de Harry Pross, autor de uma lúcida obra em Ciências da Comunicação (a quem o presente livro dedica atenção especial), que por sua vez se apoia em Dieter Wyss para englobar as linguagens corporais como ponto de partida e de chegada de todo processo comunicativo. Coloca-se, portanto, o corpo, como primeiro suporte dos textos culturais e dos processos comunicativos,