Resenha - A era da iconofagia
8020 palavras
33 páginas
Resenha do livro A ERA DA ICONOFAGIA
Norval Baitello Junior
Hacker Editores, São Paulo, 2005, 124 páginas
Por Luiz Carlos Assis IASBECK
Vivemos num mundo de imagens. Somos devoradores de ícones e o fazemos ferozmente da mesma forma como somos devorados por eles. É em torno dessa hipótese, habilmente transformada em tese, que o estudioso de semiótica da cultura e professor Dr. Norval Baitello Júnior nos conduz ao terrível e desafiador mundo da que ele denomina como da “iconofagia”.
A iconofagia é um fenômeno não tão moderno assim, mas fortemente impulsionado pela indústria da comunicação de massa . Ininterrupto, não poupa quem esteja submetido aos paradigmas dessa nova indústria cultural, uma empresa que não mais nos oferece apenas informação, cultura e entretenimento, mas também nos subjuga ditatorialmente aos seus caprichos estéticos e interesses econômicos.
A iconofagia surge da mediação. As imagens se devoram umas às outras, devorando-nos a nos mesmos, veículos, produtores e consumidores dessa profusão infinita de formas, cores, movimentos e ruídos.
Sem dúvida, uma visão apocalíptica, não fosse a esperança de que nas pontas de todo esse processo está o ser humano, que pode e deve, no exercício de sua consciência crítica, adestrar tal universo de imagens, domando-as, avaliando-as, controlando-as.
As idéias de Norval Baittelo Junior, lúcida e condensadas, nos conduzem a uma dimensão pouco explorada das relações humanas, porque sempre focada nas tecnologias e nas estratégias de comunicação. Interessa ao autor uma releitura desses processos, à qual ele competentemente nos conduz, através de um caminho pouco habitual, porque reconstruído em textos produzidos em diferentes situações e com diferentes interesses.
Dividido em duas partes, o livro nos traz, primeiramente, uma visão da comunicação indissoluvelmente ligada à vida humana, naquilo que ela possui de mais íntimo e próprio: o corpo. Aqui, esse corpo é visto sob vários prismas.