A desobediencia civil
Geralmente a regra é seguida não pela validade de sua proposta mas pelo medo das punições do descumprimento. Esse pequeno sinal é uma grande mostra de sobre o que estão sustentados os paradigmas de praticamente todos os modelos de controle e poder. Se não faz certas coisas é punido. Mas se faz outras coisas é punido também.
Depende apenas de quem está fazendo, de quando está fazendo, de como está fazendo, e com quem ou com o que está fazendo. Dependendo disso é punido, independente disso é punido também. Num sistema falho todos acabam sendo punidos. Numa lei injusta todos são prejudicados. Uns tachados de culpados, outros de vítimas, mas ambos são punidos.
“Num governo que aprisiona qualquer pessoa injustamente, o verdadeiro lugar de um homem justo é também a prisão.” E ao se defrontar com uma realidade dessas, fica difícil encontrar uma solução. Na falta de uma, vale apelar à própria lei. Na ausência da lei maior, seguir a própria lei pode estar mais perto da salvação do que seguir a lei dos homens.
“Jamais haverá um Estado realmente livre e esclarecido até que este venha a reconhecer o indivíduo como um poder mais alto e independente, do qual deriva todo seu próprio poder e autoridade, e o trate de maneira adequada”. Em A Desobediência Civil, Henry Thoreau dispara verdade após verdade, anulando o esforço da máquina estatal de difundir o medo e encorajando o indivíduo a encontrar a força em suas próprias raízes.
“O melhor governo é o que menos governa.” Para Thoreau, a liberdade é a máxima existencial e sem ela não passamos de meros cadáveres ambulantes insinuando gestos mórbidos pela superfície de um grande cemitério. Precisamos antes de tudo sermos governados por nós mesmos, aceitarmos o desafio de darmos conta de nossos próprios passos.
“A minha origem é nobre demais para que eu seja propriedade de alguém. Para que eu seja o segundo no comando ou um útil serviçal ou instrumento de qualquer Estado soberano deste