A descriminação do negro em Cuba
A discriminação do negro em Cuba: causas e consequências
Dimas Castellanos
A discriminação dos cubanos de pele escura, a luta contra essa injustiça ao largo de nossa história e o obstáculo que tem representado para a formação de uma consciência de destino comum é designada em Cuba, erroneamente, com a expressão “problema do negro”; um fenômeno complexo cuja gênese remonta à necessidade da força de trabalho do sistema escravista implantado pelo colonialismo espanhol.
Durante a primeira metade do século XVI a economia da ilha, essencialmente mineira, sustentou-se no trabalho indígena. Depois dessa época e até o fim do século XVII predominou a pecuária e a marinha militar, período em que as cidades de Havana e de Santiago de Cuba se especializaram nos serviços marítimos e construtivos, enquanto outras cidades alcançaram um fabuloso crescimento com as fazendas de gado (M. MORENO FRAGINALS, 1995, p. 99). Entre o final do século XVII e o primeiro quarto do século do século XVIII, a economia girou em torno de atividades ligadas à produção de tabaco e de café, onde o trabalho escravo esteve presente de forma total na produção de café e, parcialmente, no tabaco. Depois de 1762, quando Havana foi ocupada pela Inglaterra, o açúcar tomou o lugar do restante das atividades, transformando a geografia do país e a composição étnica da população.
Segundo Moreno Fraginalis “[...] os lavradores não trabalhavam no campo, os espanhóis sequer iam às minas, e os artesãos se negavam a ocupar-se em seus ofícios” (ibidem, p. 63). Por sua vez, a condessa de Merlín63, narra o seguinte:
... um havaneiro, patriota esclarecido, concebeu um projeto que o honra: convocou cinquenta trabalhadores de Castela por meio de um periódico, oferecendolhes mil vantagens a quem viesse se estabelecer em Cuba e cultivar a cana. Poucos dias depois apareceu no mesmo periódico a reclamação mais furibunda de um castelhano residente em Havana, o qual se queixava