A Crise Ambiental e sua Dimensão Civilizatória
O crescimento do interesse pela Ecologia, tem como pano de fundo os desastres ambientais noticiados quase diariamente, que evidenciam a dramática situação da utilização dos recursos naturais não-renováveis, colocando a humanidade diante da possibilidade de extinção de sua própria espécie. A comunidade acadêmica já apontava, desde o final dos anos 60, as catástrofes que poderiam advir ao planeta, com a desenfreada corrida pelo crescimento econômico. O caráter total da crise, agravada pela globalização do modelo de capitalismo neo-liberal , pode ser comprovado por vários documentos da ONU que demonstram esta interdependência e revelam uma nova consciência.1
Mas, se existe de fato uma crescente consciência de que as realidades hoje são globais, não parece haver a mesma clareza a respeito de quais são os fatores e atores que neste contexto poderiam impulsionar um autêntico progresso da humanidade. A política internacional encontra-se dominada por atores (políticos e econômicos) orientados por uma racionalidade individualista e competitiva, que dificilmente poderiam encontrar motivos para colocar a cooperação acima do antagonismo dos interesses particulares. Para o filósofo e ambientalista Héctor Leis, a crise ecológica está relacionada a um forte impasse do mundo global: a anarquia do sistema internacional e a complementar inexistência de autoridades com poderes reais para assumir a responsabilidade da gestão dos bens naturais comuns à humanidade.2
Como se sabe, o sistema internacional está composto por estados soberanos (responsáveis basicamente por territórios e populações) nos quais nada poderia colocar-se além da autoridade dos mesmos. Mas o mundo é cada vez menos uma realidade nacional e cada vez mais uma realidade global. O discurso público legitima esta nova ordem ao fazer referências, com crescente freqüência, ao desenvolvimento global, população mundial, comércio mundial, empresas transnacionais etc,