A Colônia Penal e a Filosofia
A Colônia Penal é um livro de Franz Kafka publicado em 1914. Ela a narra a história de um explorador que, durante visita a uma colônia penal, presencia o sistema empregado na execução de um soldado acusado de insubordinação. O sistema que o condenou está baseado numa doutrina jurídica arbitrária, em que o acusado não tem direito à defesa. Quem administra essa "justiça maquinal" é um instrumento de tortura que escreve lentamente sobre a pele, no corpo do condenado, a sentença do crime que ele mesmo não sabe que cometeu.
Este trabalho tem por intuito identificar, na narrativa, pontos de convergência e divergência com relação aos pensamentos de filósofos: fazemos aqui uma ligação da morte de Sócrates, descrita por Platão em Críton, com a morte do oficial da colônia; deliberamos sobre a aprovação de tais métodos sob uma óptica utilitarista e sua reprovação frente à moral kantiana; o antigo regime da colônia como analogia ao contrato social de Hobbes; e, por fim, o tridimensionalismo realeano como teoria que legitimaria o surgimento do espaço destinado às mudanças necessárias na norma para o fim daquelas práticas.
SÓCRATES E A MORTE DO OFICIAL
Sócrates foi um influente pensador da Grécia antiga. Ele costumava pregar suas ideias parando as pessoas nas ruas da antiga Atenas, para um diálogo intelectual sobre temas diversos. Ele pregava a busca constante do conhecimento: “Só sei que nada sei”.
Sócrates teve dois discípulos: Xenofonte e Platão . Alguns historiadores afirmam que só se poder falar de Sócrates como um personagem de Xenofonte e Platão, por ele nunca ter deixado nada escrito de sua própria autoria. Além das obras destes dois discípulos, os detalhes sobre a vida de Sócrates derivam da obra intitulada As Nuvens, do comediógrafo Aristófanes . Sócrates é retratado por como um personagem cômico, numa caracterização debochada e exagerada. Portanto, sua representação não deve ser levada ao pé da letra. Esta obra teve forte influência na