Interpretação do texto "Na Colônia Penal"
1327 palavras
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O breve livro “Na Colônia Penal”, escrito por Franz Kafka e publicado em 1914, conta a história de uma ilha tropical onde a justiça é aplicada de forma cruel por uma máquina. Todo o processo de execução do condenado realizado pelo invento é narrado ao explorador – estrangeiro que visitava o país a fim de analisar a forma judicial utilizada neste – por outro personagem, o oficial. Tal instrumento, composto por três partes, era manuseado pelo oficial cuja idolatrava ao mecanismo o leva a escolher a morte ao final do livro, motivado pela decadência da máquina. Franz Kafka era formado em Direito e é justamente por esse motivo que o teor densamente jurídico de suas obras se explica. O caso do livro “Na Colônia Penal” é mais um exemplo desse viés jurídico kafkaniano. Nesse livro, Kafka faz uma crítica à forma de justiça empregada na ilha. Esta revela-se cruel, degradante e diametralmente oposta aos direitos humanos. A dinâmica jurídica vigente na ilha parte da idéia de que a “a culpa é sempre indubitável”. Apoiando-se nesse ponto, o direito à defesa é negado ao acusado que, consequentemente, é julgado sem o conhecimento sobre o motivo do próprio julgamento e, por fim, é condenado sem que, ainda assim, sua pena lhe seja revelada. Tal modelo antidemocrático e contra a liberdade jurídica somente gozou de eficácia social enquanto o antigo comandante, inventor da máquina, esteve no poder. Quando da visita do explorador o modelo já estava à beira do fracasso e a opinião contrária ao método de execução exposta pelo estrangeiro funcionou como golpe final.
A obra discutida abre campo para discussão filosófica ampla. Sob este ponto de vista, o modelo jurídico instituído na ilha encontra tanto embasamentos favoráveis quanto teses contrárias na história evolutiva da filosofia da humanidade.
A concepção de Estado e justiça proposta por Platão, por exemplo, apoiaria tal modelo. Segundo essa concepção, somente os mais evoluídos intelectualmente poderia encarregar-se do comando