A coesão sequencial
/.../ uma coisa é saber a língua, isto é, dominar as habilidades de uso da língua em situações concretas de interação, entendendo e produzindo enunciados adequados aos diversos contextos, percebendo as dificuldades entre uma forma de expressão e outra. Outra coisa é saber analisar a língua, dominando conceitos e metalinguagens a partir dos quais se fala sobre a língua, se apresentam suas características estruturais e de uso. (Geraldi, 2002:89)
A linguagem está presente em toda parte, permeando nossos pensamentos, mediando nossas relações com os outros. Seu estudo tem uma longa trajetória, embora a ciência que se ocupa em estudá-la tenha se estruturado como
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área de conhecimento autônoma e independente apenas na metade do século XIX. Nas sociedades primitivas, a inexistência de estudos lingüísticos é fato. À medida que as sociedades foram tornando-se mais complexas, surgiram condições favoráveis para o estudo da linguagem, sobretudo a partir da invenção da escrita – esta propiciou a percepção dos diferentes fenômenos lingüísticos. A tradição gramatical no ocidente remonta aos gregos da Grécia Antiga e em virtude da “natureza filosófica” de seus estudos e da “força do Estudo do Certo e do Errado, nasceu na Grécia a gramática no sentido que mantém até hoje” (Suassuna, 2001:22). Este capítulo será todo dedicado a questões que envolvem o termo gramática em todas as suas dimensões, ou seja, multiplicidade de conceitos, histórico, limitações.
3.1. Os diferentes conceitos de gramática Reconhece-se fundamentalmente três sentidos para o conceito de gramática ( Travaglia, 2001e Possenti, 1996). O primeiro considera a gramática “um manual com regras de bom uso da língua”, isto é, trata-se de um compêndio com normas para falar e escrever corretamente. Tais normas advêm do uso que os escritores consagrados fazem da língua. Segundo nos aponta Britto (2000), este primeiro