A classe operária vai à luta
“Eu sou uma máquina, eu sou uma roldana, eu sou uma rosca, eu sou um parafuso, eu sou uma correia de transmissão, eu sou uma bomba, aliás, a bomba está estragada, não funciona mais, e agora não pode ser mais reparada”, o que dizer da fala de Lulu Massa em relação a uma sociedade que em plena pós Segunda Guerra Mundial, apresentando-se marcada e cheia de feridas, precisando se reestruturar e ao mesmo tempo convivendo com uma revolução industrial que chega ao pico da inteligência humana e acaba por contrapor a dignidade do próprio homem?
O filme “A classe operária vai ao paraíso” relata a história de Lulu um operário italiano que perde o dedo durante um acidente de trabalho e acaba se vendo envolvido em um protesto social de classes. No entanto, o que mais se torna interessante neste contexto de perdas e lutas é a evidência que ressalta sempre a mesma pergunta: Para onde está indo a classe trabalhadora? Até que ponto essa esfera social agüentará, sem gritar por justiça?
Por se tratar de um contexto político-social que acontece em plena década de 70, no qual a própria situação política revela, devido a um profundo avanço da esquerda, que pode ser traduzido por um declínio econômico, que se dá após a Grande Guerra, a um avanço tecnológico que tem a função de substituir o trabalho humano, sendo que estas lutas da esquerda se tornam o estopim para as revoltas trabalhistas. Seu principal foco está em mostrar as situações inóspitas vividas pelos trabalhadores da época, ou seja, como o fato de os funcionários se manterem no trabalho sempre de pé, agindo como máquinas, negando a própria cidadania.
Trabalhando com a imagem de um funcionário padrão, ou seja, aquele que tem a função de fazer cumprir as regras estabelecidas, que atua na BAN, fábrica que produz peças para motores, mostra além de um trabalhador, como Lulu, que segue as regras com rigor e disciplina, e aqueles que são contra as condições de