A cerca da discórdia
E seu artigo “Arame Farpado; ferramenta rudimentar mas ainda eficaz”(Le Monde Diplomatique Brasil, 02/09/2013), o filósofo Olivier Razac nos leva a refletir sobre um instrumento de delimitação e separação, por um ângulo político-social de segregação, que até então jamais pensei.
Desde suas origens até os fins empregados atualmente, o arame farpado, de fato, é uma ferramenta eficaz de delimitar propriedades privadas e espaços geográficos. Mas da sua concepção, e com a evolução da humanidade, que transforma e adapta muitas invenções para outros fins, esta ferramenta se tornou símbolo em algumas culturas de segregação social, instrumentos de guerra e, porque não, definição de poder. O autor, de certa forma, critica e nos leva a pensar com muita clareza, como tal objeto, tão rudimentar, é eficiente ao que se destina.
Suas referências ao uso em residências e em manifestações públicas nos dão a noção da transformação utilitária do arame farpado. No entanto, quando questiona porque é comum o uso, em manifestações, nas ruas das Filipinas enquanto que na França a polícia utiliza escudos, nos faz acreditar que se trata da simbologia do arame, tão empregado pelos nazistas em campos de concentração, que seu uso na Europa é evitado nessas ocasiões por tal motivo. Trata-se apenas de questões táticas específicas da polícia local, da tecnologia mais avançada e da cultura do povo.
Ora, pensar que arames farpados deteriam manifestantes franceses, mais politizados, por que remete aos horrores da Segunda Guerra Mundial, é um pensamento no mínimo simplista. Ao passo que o uso nas Filipinas, eficaz ou não, faz parte das táticas da polícia local para tais situações.
Já o uso em residências, o filósofo acerta quando diz que devemos considerar o nível de violência das sociedades onde são utilizados. Devemos levar em conta o fator local. Não veremos essa ferramenta em mansões de Hollywood, por exemplo, mas porteiros eletrônicos, câmeras de segurança, alarmes entre