A arte da imitação
Quando lemos versos, como: “Nossa Cidade, Nosso Orgulho e Cidade Ativa. Gente Feliz”. , nem sempre procuramos fazer uma análise detalhada destas palavras. No entanto, não se trata de versos poéticos, mas de slogans políticos com objetivos idênticos. O marketing é um atrativo absorvido indiretamente pelo receptor que faz parte deste discurso. O que se pode observar é que no primeiro verso, há dois pronomes possessivos (nossa, nosso), dando a posse ao indivíduo de um patrimônio em que ele se torna responsável indiretamente pela manutenção, preservação e construção deste patrimônio. Já no segundo verso, podem-se destacar dois adjetivos (ativa, feliz) que qualificam os substantivos (cidade, gente), e da mesma forma, denota-se que o indivíduo é co-responsável para a que a cidade seja levada ao destaque. O que “parece” ser diferente quanto à significação das palavras contidas nos “versos”, não se pode dizer o mesmo quando fazemos uma análise fonética, visto que percebemos algo semelhante na tonicidade das palavras, sendo que trás um sentido de euforismo e agradabilidade em ambos os casos. A semelhança não para por aí, ao fazermos a separação silábica, percebemos que em ambos possui a mesma quantidade de sílabas, da mesma forma, a mesma quantidade de vogais, de palavras, e a posição da pontuação central está exatamente no mesmo lugar, sem contar que há uma diferença quase insignificante do número de fonemas e letras. Portanto, a arte da escrita não é diferente de outras artes. Para Aristóteles (384-322 A.C), a mimese (arte de imitar) é uma prerrogativa natural do homem. Ele conhece o mundo, se expressa, convive com a natureza e os outros homens, ama e odeia, através do gesto instintivo. Porém, não há um momento determinado na história ou na psicologia humana em que se possa precisar o surgimento do fenômeno da mimese: ela nasceu com a humanidade. Waldir Colli
Graduado em Letras -