A aceitação da raça negra
“Hoje nos encontramos numa fase nova na humanidade. Todos estamos regressando à Casa Comum, á Terra: os povos, as sociedades, as culturas e as religiões. Todos trocamos experiências e valores. Todos nos enriquecemos e nos completamos mutuamente (...)
(...) Vamos, rir, chorar e aprender. Aprender especialmente como casar Céu e Terra, vale dizer, como combinar o cotidiano com o surpreendente, a imanência opaca dos dias com a transcendência radiosa do espírito, a vida na plena liberdade com a morte simbolizada como um unir-se com os ancestrais, a felicidade discreta nesse mundo com a grande promessa na eternidade. E, ao final, teremos descoberto mil razões para viver mais e melhor, todos juntos como uma grande família, na mesma aldeia comum, generosa e bela, o planeta Terra”
BOFF, Leonardo. Casamento entre o céu e a terra. Salamandra, Rio de Janeiro, 2001, pg09
Quando vemos um objeto temos, em uma primeira impressão, a convicção de que podemos ter acesso direto ao objeto visível. A ciência sabe que não é exatamente assim que ocorre. Ao observamos um objeto, que atravessa o espaço entre eles e nós, sofre modificações ao alcançar o olho e novamente se modifica no nervo ótico e no cérebro. A rigor, podemos dizer que “não” vemos um objeto mais inferimos esse objeto, posto que o evento “ver o objeto” está, em certo sentido, como afirma Russell, “em nós”.
A certeza de rodo esse processo nos leva à conclusão de que não temos acesso a uma realidade “real”, mas sim a uma realidade “humana”, a uma forma de vermos o mundo-à-volta. Materializamos a afirmação de que o “homem é a medida de todas as coisas”, como ensina Protágoras. Uma conclusão que tiramos de imediato é que não sabemos e, provavelmente, nunca saberemos como é o universo, somente como ele se apresenta a nós. Quando olhamos para o céu, toda essa certeza se agrava, uma vez que se soma, ao fato de não vermos a realidade, a distância que os objetos celestes estão de nós, criando, assim, uma