zapatismo

Algumas considerações sobre a relação do Exército Zapatista de
Libertação Nacional com o Estado e a sociedade civil.

Alexander Hilsenbeck Filho (Mestrando);
Fátima Cabral (Depto. Ciências Sociais/Unesp)
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O Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), movimento guerrilheiro composto por várias etnias indígenas, se tornou público ao tomar pelas armas diversas cidades do estado de Chiapas – sudeste do México – em primeiro de janeiro de 1994, data em que entrava em vigor o Tratado de Livre Comércio da América do
Norte (NAFTA) e os investidores internacionais e a elite mexicana acreditavam que o país estava, enfim, a adentrar ao “primeiro mundo”.
Numa conjuntura em que se apresentava a “vitória incontestável” do capitalismo democrático, em sua versão neoliberal, o EZLN se caracteriza mais como um antípoda das clássicas guerrilhas marxistas dos anos 1960 e 70 que a América Latina conheceu, do que com um movimento composto por “resquícios de um passado”, que utiliza práticas em “vias de extinção”.
Com um poder de autocrítica, poucas vezes visto em movimentos do tipo, questiona diversos dogmas e referências do marxismo e inova em suas formas de atuação e objetivos, como sua interpretação da questão do poder, ou melhor, de sua recusa ao poder “Estadocêntrico” como lócus privilegiado da modificação social; sua relação com a “sociedade civil”, considerando-a como interlocutor privilegiado, capaz de intervir, inclusive, nas práticas e táticas do zapatismo; a utilização dos modernos avanços nos meios de comunicação para realizar um “conflito comunicativo e midiático” que os possibilita transporem sua localização geográfica e atuarem em âmbito local, nacional e internacional; sua crítica ao modelo de democracia parlamentar burguesa, e sua alternativa em um modelo de democracia, levado a cabo nos municípios autônomos e rebeldes sob seu controle, em que mescla elementos da democracia representativa e democracia direta,