Revolução mexicana
Waldir José Rampinelli*
abolir o sistema feudal, abrindo caminho para uma sociedade burguesa moderna, e criou um modelo universal
(como apontou Marx) de sistema político, ou seja, a forma clássica e paradigmática do moderno Estado democrático burguês; se a Revolução
Russa logrou eliminar o regime político czarista e, sobretudo, superou uma realidade de servidão camponesa, criando, pela primeira vez na história da humanidade, um sistema social não capitalista; a Revolução Mexicana – interrompida ou traída – derrotou a hegemonia da oligarquia, substituindo-a por uma burguesia agrária, desencadeando mudanças significativas na economia, na política, na diplomacia, nos campos social e cultural e nas relações entre Estado e Igreja. Daí que o alcance da Revolução Mexicana ultrapassa, de longe, as suas fronteiras físicas. A
Revolução
Mexicana, cuja periodização varia de acordo com a interpretação histórica, completa cem anos ao longo da década de 2010 1 .
Alguns
dos acontecimentos revolucionários mais marcantes ocorrem entre 1913 e 1915, quando os exércitos dos camponeses desempenham um protagonismo hegemônico na política do país, por conta de suas vitórias nos campos de batalha. Por isso, de 2010 a 2020, a cada ano, estão sendo comemorados fatos significativos do processo revolucionário cujo alcance chega aos dias de hoje.
Neste trabalho, analiso quatro aspectos da Revolução Mexicana: 1) a influência do processo revolucionário nos âmbitos local, regional e mundial; 2) os precursores intelectuais do levante armado; 3) a luta de classes ocorrida ao longo dos acontecimentos; e 4) a
Revolução e suas relações com os indígenas. A Revolução Mexicana, que marca o início da Idade Contemporânea na
América Latina, ainda é pouco conhecida na região. Isso se deve ao eurocentrismo que perpassa o