Wittgenstein: os jogos de linguagem
O filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein (1889-1951), considerado um dos maiores gênios em filosofia no século 20, desenvolveu em sua obraInvestigações filosóficas algumas importantes idéias recuperadas pelos pós-estruturalistas, entre elas, o conceito de jogos de linguagem.
Imagine que você faz uma viagem para um Estado diferente do país. Se você mora no Sudeste, por exemplo, vai visitar familiares, no Nordeste ou no Sul, que não vê desde criança. Chega tarde da noite e, na manhã seguinte, o convidam para o café-da-manhã. Talvez você espere encontrar pão com manteiga e café com leite, caso seja isso o que você está acostumado a comer pela manhã. Mas, ao invés disso, se depara com alimentos que nunca comeu antes ou sequer ouviu falar: charque ou tapioca, por exemplo.
O que isso quer dizer? Que as palavras só possuem sentido em um contexto específico, em seu uso prático. Quando aprendemos uma língua, aprendemos com ela um conjunto de regras de uso, uma forma de entender e agir no mundo. Ou seja, "café-da-manhã" significa coisas diversas para você e seus parentes distantes.
São essas regras de uso prático que acompanham o modo como representamos o mundo na linguagem, e que evoluem e diferem conforme o ambiente sociocultural, o que chamamos de jogos de linguagem.
Os jogos de linguagem, portanto, mostram que a realidade é fragmentada: se existem diferentes jogos de linguagem, existem diferentes leituras da realidade, e nenhuma deve prevalecer sobre as outras.
Pontos de vista
Cai por terra, desse modo, a pretensão do projeto de modernidade de uma única construção da história, guiada pela razão iluminista e cujo progresso levaria à felicidade humana. O raciocínio técnico e científico do homem ocidental representa um modo de contar a história. Os pós-modernos perguntaram: não haveria outros igualmente válidos?
Suponha, por exemplo, uma ocupação estudantil de um campus universitário. A Polícia Militar é acionada pela