Mário Raul de Morais Andrade nasceu na cidade de São Paulo, em 9 de outubro de 1893. Seu pai, o dr. Carlos Augusto de Andrade, de origem humilde, conseguira uma situação financeira estável através do próprio esforço e muito trabalho. Sua mãe, dona Maria Luísa, com quem Mário morou até o fim da vida, descendia de bandeirantes, mas não era rica. Quando adolescente, era um estudante dispersivo, que tirava notas baixas e só se destacava em Português. Enquanto seus irmãos Carlos, mais velho e Renato, mais novo – pianista de talento, falecido ainda menino - eram elogiados, Mário era considerado a ovelha negra da família. De repente, começou a estudar. Estudava música até nove horas por dia, lia muito e logo começou a ganhar fama de erudito. A família passou a admitir o seu talento, mas achava esquisitas sua preferências literárias. Em 1917, morre seu pai. Mário conclui, neste mesmo ano, o curso de piano no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, publica seu livro de estréia Há uma Gota de Sangue em cada Poema. Metódico e estudioso, torna-se Catedrático de História da Música, no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, em 1922, e, para sobreviver, ainda dá muitas aulas particulares de piano e escreve artigos de crítica para diversas publicações. Participa, como um dos principais organizadores, da Semana de Arte Moderna, no Teatro Municipal de São Paulo, em 1922, e publica, neste mesmo ano, Paulicéia Desvairada (poesia), em que radicaliza as experimentações de vanguarda modernistas. Em 1927, publica Clã do Jabuti, em que trabalha poeticamente as tradições populares que pesquisava e o romance Amar, Verbo Intransitivo, em que critica a hipocrisia sexual da alta sociedade paulistana. Em 1928, publica o romance Macunaíma, uma das obras-primas da literatura brasileira, em que reúne inúmeras lendas e mitos indígenas para compor a história do “herói sem nenhum caráter”, que, invertendo os relatos dos cronistas