Violência e tolerância: condições insuportáveis
Ruy Palhano
Neuropsiquiatra
Talvez não haja, na atualidade, nada que chame tanto nossa atenção quanto os fatos relacionados à violência. É o prato cheio dos jornais, das tvs, dos noticiosos, dos blogs, enfim todos os meios de comunicação que nos abastecem de notícias todos os dias. Além do mais, é o assunto corriqueiro nas rodas sociais, dos encontros, das conversas informais das quais todos nós participamos.
Nesses diferentes momentos, é unânime a perplexidade de todos ante esse fenômeno, que cresce a cada dia e vem tomando proporções gigantescas e insuportáveis do ponto de vista social e pessoal. Todos se mostram assustados, inseguros e sem saber onde buscar saídas. Diante disso, o que nos incomoda a todos, é o fato de haver cada vez menos lugares seguros onde as pessoas possam se encontrar, sem sentirem-se ameaçadas ou perseguidas.
Passou-se a criar rotinas tão estreitas em nosso dia a dia que se afunilam em rotas diárias supostamente seguras por medo de mudar a rota e ver-se surpreendido por um marginal, um bandido, assaltante ou assassino. Nem dentro das próprias casas, nos restaurantes, nas escolas, nas universidades, nos ambientes de lazer, há sensação de segurança. A situação é tão séria, que há os que dizem que os cidadão estão presos e os marginais soltos. Vejam onde chegamos com tanta violência.
Sobre a violência, tenho dito que se trata de um epifenômeno, isto é, por trás dela é que estão os verdadeiros problemas, que a rigor, não aparecem mas somente os seus efeitos. É um fenômeno abrangente que quando se manifesta outras questões já se insinuaram e não se percebeu. Para que a violência possa ser plenamente examinada, temos sempre que contextualizá-la. A violência não se encerra por si mesma e não tem vida própria, é um sintoma grave de um ser enfermo que a qualquer momento pode morrer.
Veja, por exemplo, o que está havendo em nossa capital. De uma cidadezinha linda, livre e pacata, virou