Vilas Operarias
Como afirmamos antes, a Câmara paulistana aceitou o padrão de edificações elaborado pelo engenheiro municipal, e o fez em 11 de agosto de 1886, mandando publicá-lo conjuntamente com o ofício que encaminhou a proposta, datado de 26 de julho daquele ano. No Correio Paulistano de 18 do mesmo mês foi o padrão divulgado na íntegra, desacompanhado porém do texto do ofício correspondente. Esse padrão, repetimos, veio a constituir o art. 11 da recodificação de 1886. Na mesma ocasião em que o aceitou, a Edilidade encarregou o seu engenheiro, Luís César do Amaral Gama, de executar mais um outro padrão, desta feita para a construcção de casas, para trabalhadores a imitação das conhecidas no Rio de Janeiro com o nome de Villas, isto é, com entrada para um pateo commum, porém em melhores proporções que as dos actuaes cortiços.
A passagem acima transcrita é de grande relevância documental, pois atesta a origem das vilas operárias e vilas de classe média que no século seguinte seriam construídas na cidade de São Paulo. Por ela ficamos sabendo que a denominação dessa tipologia residencial – vila – era de procedência carioca e que em sua disposição espacial a vila não passava de uma versão melhorada do cortiço.
Este, por sua vez, chamado às vezes no Rio de Janeiro pelo nome de estalagem descendia das velhas albergarias coloniais e imperiais, como já havia sido notado há muito tempo pelo Prof. Nestor Goulart Reis Filho (Quadro da arquitetura no Brasil, 1969) . Situada fora ou na entrada das povoações, a estalagem era constituída por fileiras de cubículos dando para um pátio comum. Nesses cubículos, providos de porta, mas geralmente sem janelas, ficavam hospedados os tropeiros e os viajantes, num tempo em que não existiam hotéis. Em São Paulo, havia, no início do século XIX, uma albergaria desse tipo, instalada num ponto entre a saída do caminho de Sorocaba (Piques) e o caminho de Santo Amaro (atual rua desse nome), pertencente