VILA OPERARIAS
A partir do último quartel do século XIX, a utilização da malha ferroviária por todo o Estado, com suas linhas cruzando-se na Capital, mais o intenso fluxo populacional e a fixação de indústrias estimularam o loteamento das chácaras próximas da várzea do
1 SEVCENKO, Nicolau. Orfeu extático na metrópole: São Paulo, Sociedade e Cultura nos frementes anos 20. São Paulo: Companhia da Letras, 1992. p. 24
15
Tamanduateí. Novos bairros surgiram - muitos deles ditos operários - em razão de sua vizinhança das fábricas que, por sua vez, se instalavam ao longo dos trilhos. Os primeiros, pelos lados do Brás, Mooca, Lapa, Luz, Santana, Cantareira e Barra Funda.
Concomitante, bairros de ocupação antiga como Bexiga, Bela Vista e Liberdade ganhavam cortiços, formados pela população espoliada, não contemplada pela administração pública. A crescente insalubridade destes locais, os riscos epidêmicos que figuravam como ameaças constantes e o crescimento da população operária postularam a urgência da questão da moradia e, para alguns casos, as Vilas se apresentaram como solução ideal, iniciativa apoiada pelo governo.
Todavia, as ações do governo que até então se restringiam à repressão das situações de insalubridade dos cortiços, passaram a favorecer a concessão de isenções fiscais que beneficiavam basicamente aos locadores de imóveis, ampliando a sua rentabilidade. A lógica que orientou, de modo geral, o Estado Liberal da Primeira
República foi a de que o governo não devia produzir casas, mas estimular os particulares a investirem. Nesse entendimento, a solução tida como ideal foi a promoção de habitações operárias pelo seu viés imediatista de lucro.2
Registre-se, também, que o desencanto para com os investimentos financeiros
– e de toda sorte de ações e papéis – estava fragilizado, por conta dos resquícios do
Encilhamento.3 A aplicação preferencial recaía em