Venha ver o por do sol
Um rapaz de nome Miguel estava noivo, de casamento marcado, mas não se lembrava o dia, hora e com quem iria se casar no dia 12 de novembro numa quinta-feira.
Interrogou um fraque novo na sala. Viu que era intacto. Reviu um álbum de fotografias, analisou as amigas e se uma delas seria sua noiva. Lembrou uma canção de roda.
Frederico vem buscá-lo para ir e diz que ele já está atrasado. Ao chegar à igreja lembra mais mulhers que poderia se uma delas sua noiva.
"Mas já são quase nove horas, o casamento não é às dez? O café está aqui, o senhor não quer uma xícara.
-Agora não, depois.
"Depois", refletiu baixando o olhar para poltrona. Empalideceu. Via agora ao lado do armário um maleta - a maleta que usava para viagens curtas - cuidadosamente preparada, como se daí a alguns instantes devesse embarcar. Ajoelhou-se diante da pilha de roupas. "Mas para onde? Não sei de nada, não sei de nada!..." Examinou os pijamas envoltos em celofantes. Tocou de leve no chão de banho, nos shorts, nos sapatos de lona. Tudo novo, tudo pronto para uma curta temporada na praia, a lua-de-mel ia ser na praia, e quem ia se casar era ele"(p.12)
"- Mas, Miguel... você ainda está assim? Faltam só dez minutos, homem de Deus! Como é que você atrasou desse jeito? Descalço, de pijama!
Miguel baixou olhar! Frederico era seu amigo mais querido. Contudo, viera busca-lo para aquilo.
- Fico pronto num instante, já fiz a barba.
- E que barba, olha aí, cortou-se todo. Já tomou banho?
- Não.
- Ainda não?! Santo Deus. Bom, paciência, toma na volta que agora não vai dar tempo - exclamou Frederico empurrando-o para o quarto.
(...) Você está pálido, Miguel, que palidez é essa? Nervoso.
- Não.
- Acho que a noiva está mais calma.
- Você tem ai o convite?
- Que convite?
- Do casamento.
- Claro qu não tenho convite algum, que é que você quer fazer com o convite?
- Queria ver uma coisa...
- Que coisa? Não tem quer ver nada, Miguel, estamos atrasadíssimos, eu sei onde é a