vale refeição
A inserção dos temas da Alimentação e Nutrição, na agenda pública ganhou progressiva relevância no Brasil, e a sociedade civil desempenhou um papel importante neste processo. Este artigo examina a influência das organizações sociais na construção do campo da Alimentação e Nutrição, numa perspectiva histórica de sua atuação em espaços de interlocução com o governo federal. A análise foi norteada pelas seguintes questões: os diferentes formatos políticos e institucionais desta participação; os temas e demandas políticas pautados; as possíveis repercussões deste processo na construção de institucionalidade pública. Concluiu-se que a atuação das organizações sociais foi fundamental para a consolidação da Política Nacional de Alimentação e Nutrição e de Segurança Alimentar e Nutricional. A engenharia institucional e o perfil das organizações sociais variaram desde movimentos sociais até redes de políticas. Os temas em pauta modificaram-se ao longo do período estudado, com o fortalecimento das temáticas étnicas, raciais e de gênero. Analisou-se, a partir dos dados da Pesquisa sobre Padrões de Vida (PPV) inquérito de base domiciliar realizado em 1996/97, nas regiões Sudeste e Nordeste do Brasil, a distribuição do recebimento de vale-refeição/cesta básica e sua relação com o estado nutricional (índice de massa corporal - IMC) de adultos com idade = 20 anos. Do total da população ocupada, somente 19,9% recebia o benefício (24,9% no Sudeste e 11,7% no Nordeste) concentrando-se na área urbana (15,8% no Nordeste e 25,9% no Sudeste) e com aumento conforme a elevação da renda domiciliar per capita. Observou-se um quadro de sobrepeso (IMC = 25) importante (38,5%) particularmente no Sudeste e na área urbana (~= 41%). O baixo peso (IMC 18,5) foi maior nas mulheres (6,1%) do que entre os homens