utopia
Entretanto, é próprio do ser humano esperar, em especial os pobres, por mais alquebrados que estejam sob peso do atual pragmatismo do cotidiano. Pode-se tirar a liberdade de falar, mas jamais a de pensar; e, como segundo E. Bloch “pensar é transcender”1, ninguém pode tirar a liberdade de esperar. O imaginário pertence também ao real, à sua melhor parte2, pois não somos nós que carregamos sonhos, são os sonhos que nos carregam.
Também hoje, como sempre, há ‘brasas sob cinzas’. Mantém-se a esperança, sobretudo na teimosia dos excluídos que insistem em contrapor à aridez da alma a fertilidade do deserto3.
A esperança acena para um futuro vislumbrado como plenitude; e, o futuro no presente, é a utopia. Sem a utopia a esperança é uma virtude vazia. É a utopia a topia da esperança. A esperança é o alimento da utopia e, esta, sua mediação histórica. Entretanto, em tempos de crise dos metarrelatos e das ideologias, também somos vítimas de uma crise das utopias, vistas pouco menos que mitos alienantes ou quimeras futuristas. O atual ‘vazio de sujeito’ e a falta de perspectivas para um futuro imediato têm contribuído para a resignação de muitos à ditadura do presente. Estaria, então, a esperança dos pobres, hoje, órfã de utopia Morreu a utopia ou morreram certas utopias que se sobrepuseram à esperança e transformaram-se em ideologias totalitárias Se a esperança vive, a história