Utopia
Esta forma de pensar o mundo – que é também uma forma de pensar o tempo! – tem se fortalecido cada vez mais na atualidade, sendo marcada fundamentalmente por dois fatores: a contração radical do presente e a expansão infinita do futuro. Com o tempo presente contraído, reduzido a um momento efêmero e fugaz, cria-se a sensação de que não há tempo suficiente para quaisquer tipos de mudanças sociais de larga escala. As utopias, neste sentido, tomam literalmente seu sentido etimológico de “não-lugar”, localizando-se num futuro abstrato que se encontra num ponto infinito do tempo, extremamente distante e independente do presente, que surgirá – sabe-se lá quando! – pela progressão “natural” dos eventos históricos.
Como alternativa, o texto propõe uma inversão paradigmática: a “razão cosmopolitana”, que expande o presente (expandindo também as possibilidades de experiências sociais e humanas) e contrai o futuro, aproximando-o de nosso tempo e conferindo maior responsabilidade às nossas ações. Afinal, se o futuro não é infinito num tempo abstrato, existe a possibilidade de que, por culpa do imobilismo, não haja nunca um “final feliz” na narrativa temporal do homem.
Neste sentido, cabe interpretar a utopia e a resignação como opções políticas que reverberam na história quando tomadas