utopia
Sandra Aparecida Scharf
Bases sociológicas: Fichamento do texto A Utopia
LOANDA – PR
2012
Um dia, estava eu na Notre-Dame, igreja da grande devoção do povo, e uma das obras primas mais belas da arquitetura; depois de ter assistido ao ofício divino, dispunha-me a voltar para o hotel, quando, de repente, dou de cara com Pedro Gil, que conversava com um estrangeiro já idoso. A tez trigueira do desconhecido, sua longa barba, a capa, quase a cair-lhe, negligentemente, sua aparência e aspecto revelavam um patrão de navio.
Logo que Pedro deu comigo, aproximou-se, e, saudando-me, afastou-se um pouco de seu interlocutor que iniciava uma resposta, e, a propósito deste, me disse: Vede este homem, pois bem, ia levá-lo diretamente à vossa casa.
- Meu amigo, respondi-lhe, por vossa causa, ele seria benvindo.
- É mesmo por causa dele, replicou Pedro, se o conhecêsseis. Não há sobre a terra outro ser vivo que possa vos dar detalhes tão completos e tão interessantes sobre os homens e os países desconhecidos. Ora, eu sei que sois excessivamente curioso por essa espécie de notícias.
- Não tinha adivinhado muito mal, disse eu, então, pois que, logo à primeira vista, tomei o desconhecido por um patrão de navio.
- Enganai-vos estranhamente; ele navegou, é certo; mas não como Palinuro. Navegou como Ulisses, e até mesmo como Platão. Escutai sua história: Rafael Hitiodeu (o primeiro destes nomes é o de sua família) conhece bastante bem o latim e domina o grego com perfeição. (p: 04).
Depois de vários dias de marcha descobriram burgos e cidades bem administradas, nações inúmeras e Estados poderosos.
No Equador, acrescentava Hitiodeu, de uma parte e de outra, no espaço compreendido pela órbita do sol, não viram senão vastas solidões eternamente devoradas por um céu de fogo. Ai, tudo os aturdia de horror e espanto. A terra inculta tinha apenas como habitantes os animais mais ferozes, os