Upp e favelas
CONJUNTURA
Social
UPP² e a economia da Rocinha e do Alemão
Marcelo Neri Nosso ponto de partida é a constatação de que moradias iguais (leia-se mesmo tamanho, materiais, serviços públicos etc.) têm aluguéis 25% mais depreciados nas favelas do que no restante da cidade. Isso é o “efeito favela” sobre o valor dos imóveis. Agora, na comparação do pré e pós UPP, essa situação começa a mudar. Os aluguéis subiram, depois das UPPs, 6,8% mais nas favelas que no asfalto. O mérito do dado acima é diminuir defasagens de informações do Censo no momento em que a política pública, olhares da sociedade e o debate social se voltam para as favelas cariocas. O defeito é enxergar as favelas como um bloco monolítico, ignorando as diferenças na diferença asfalto/favela. Da mesma forma que o bairro do Realengo difere do Leme, a favela do Batam difere do Chapéu Mangueira em algo mais do que nome e localização. As UPPs implantadas nesses respectivos bairros e favelas terão efeitos econômicos totalmente diferenciados. As favelas não são um bloco monolítico. UPPs implantadas em diferentes favelas terão impactos econômicos diferenciados. Debruçamos-nos sobre as duas maiores favelas cariocas, Rocinha e Alemão, a partir de banco de dados de aspectos objetivos e subjetivos cobrindo 150 mil moradores dessas comunidades. As mesmas são Regiões Administrativas (RAs) da cidade, gozando de informações individualizadas de seus territórios. Mal comparando, se estivéssemos falando de combater a pobreza no mundo, China e Índia seriam as unidades globais mais relevantes para se atuar, pois abrigam mais da metade dos pobres do mundo. Similarmente, Rocinha e o Ale-
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Conjuntura Econômica
Teleférico do Complexo do Alemão. Foto: Ricardo Stuckert/ABr
CONJUNTURA 63
Social
mão são as unidades mais relevantes para endereçamento dos problemas das favelas cariocas seja pelo seu tamanho em relação ao conjunto delas, seja pelo seu aspecto simbólico. Rocinha e