uma vida sem limite
Querida Iolete,
Não imaginas o quanto está sendo satisfatório relatar um pouco ou pelo menos o que me vier à memória, das minhas primeiras experiências com a leitura e escrita, ou seja, o meu processo de alfabetização. Fazendo essa retrospectiva sou consciente de que aquele período foi determinante e marcante para minha vivência nos dias de hoje. Lembro-me que tinha sete anos quando estava na 1ª serie, engraçado, sinto até vontade de chorar quando lembro desta época, pois é inevitável a lembrança do meu saudoso pai. Digo isso porque me lembro dele conduzindo-me até a escola na sua bicicleta, pequenina e muito satisfeita, ele sempre contava suas experiências de alfabetização e juntamente com minha mãe incentivava-me muito nos estudos. Na época minha mãe ensinava em casa umas poucas crianças na cartilha do “ABC”. Ela fazia um furo em um pedaço de papel e perguntava o nome da letra para as crianças. O material usado por ela para ensiná-las era somente a cartilha, o caderno e o lápis, em casa a experiência com a leitura e escrita eram bem restritas. Na escola recordo-me de um espaço pequeno, os assentos eram bancos enfileirados com dois lugares que dividia com outro colega. Gostava da 1ª serie porque a professora era muito carinhosa, cuidadosa e tinha um colo aconchegante. Demorei um pouco a aprender ler, acho até que para ela era uma tarefa bem difícil me ensinar a ler, escrevia muitas palavras e silaba repetidamente, meu caderno era cheio de silabas, palavras e frases. No entanto o que mais me marcou foi a professora, que era bem tradicional, não tinha um bom relacionamento e não interagia com os alunos. Ela vivia repetindo que eu não queria nada com a vida, era muito desinteressada e poderia ficar reprovada, na verdade tinha dificuldades com a leitura e escrita nesta serie, pois acabei sendo reprovada. Estudávamos juntas eu e minha irmã, ela foi aprovada, chorei muito. Passei a gostar menos