Uma lacuna no currículo escolar brasileiro
Civilizações, culturas, etnias e as mais variadas expressões artísticas existem neste território que hoje chamamos de Brasil há muito mais tempo do que a história nos conta - a história contada pelo europeu colonizador. Infelizmente, não apenas na arte ou na história que aprendemos, há o chamado “eurocentrismo”, que é uma visão de mundo que tende a colocar a Europa como o principal elemento na construção do mundo como o conhecemos. Nesta visão, o continente em questão seria necessariamente o protagonista da história da humanidade .
Este fenômeno ocorre por vários motivos, seja pela necessidade de alteridade – que é a comparação, ou diferenciação, entre eu e o outro – seja porque foram os reinados deste continente que saíram a desbravar e explorar os territórios que não lhe pertenciam para saciar sua ambição por poder, impondo seu sistema de vida aos nativos (que já possuiam inteligências e sistemas próprios). A maneira eurocêntrica de pensar e produzir conhecimento instalou-se no senso comum e também na academia, principalmente nos séculos XIX e XX, influenciando na maneira como estudamos e entendemos a história do mundo e também a brasileira. Os simpósios internacionais de história convencionam que a “história” como disciplina começa junto com a escrita, ou seja, antes da História com relatos escritos temos a Pré-História. Antes de encontrada a Pedra da Roseta, que foi fundamental para a tradução dos hieroglifos, estes eram considerados pinturas rupestres, e a civilização egípcia, pré-histórica. Porém, quando foi possível ligar a cultura egípcia à cultura grega – raiz da civilização européia - através da escrita, o Egito foi elevado à História Antiga. Por esta mesma convenção, a história da arte no Brasil começa apenas depois da chegada dos portugueses, com a arte colonial, de inspiração renascentista e também arte barroca. Estas duas escolas são originalmente européias e foram