Uma Justiça além da justiça? As escolhas de Creonte e Antígona.
O que seria a ciência despida das fantasias nutridas sob o firmamento das incertezas? O fenômeno jurídico se alimenta de sonhos. Antígona desejava somente sepultar o irmão. O que há de errado com este desejo de honrar os próprios caros? A lei emanada por Creonte a proibia. Acusado de trair a cidade, este jovem morto (Polinice) deveria ser devorado pelos abutres para servir de lição aos concidadãos. Como reagir diante desta lei de Creonte? Cabe aceitá-la ou transformá-la? Ismene, irmã de Antígona, não apenas aceitou piamente a proibição da lei, como não mediu esforços para convencer Antígona a desistir deste propósito. Qual o papel desempenhado por Ismene? A cidadã obediente às leis do seu tempo? A falha hermenêutica de enxergar além do texto positivado e encontrar elementos capazes de melhorá-lo? Sobre a reflexão, atividade preferida da filosofia, Ismene impôs a dura pedra sepulcral na qual permanece escrito até estes dias: “Não convém nem começar a buscar o impossível”. (Antígona, 90)
Derivada de uma sã hermenêutica, a lei cumpre a função social de aproximar aquilo que estava distante. Atrelada ao ideológico, a lei distancia aquilo que estava próximo. Na