Uma contribuição da psicologia da educação
Kathy Amorim Marcondes
Prof. Doutora do Dept de Psicologia UFES
Texto Publicado na Revista Universo Pedagógico, v. 3, 1990, p. 20-24
Algumas vezes professores de pré-escola e de séries iniciais solicitam do profissional de psicologia subsídio para o entendimento da criança, e, em especial, de seus comportamentos muito agressivos, de dependência, ou de instabilidade emocional, entre outros. O educador deseja, com este entendimento, sentir-se mais seguro nas atitudes para com a criança. Como é impossível produzir “receitas” de como se trabalhar com cada caso, a psicologia – e este texto, em particular – procura apontar alguns elementos que devem ser observados e retrabalhados junto à criança, nas várias situações difíceis que podem surgir.
Trataremos neste texto de um aspecto específico (1) da psicologia do desenvolvimento infantil: a organização do psiquismo humano que se dá no primeiro ano de vida. Fazemos uma tentativa de utilização da noção de organizadores do psiquismo desenvolvido por Renè Spitz (1983) a partir de pesquisas com bebês. A contribuição desse autor para a psicologia do desenvolvimento é aqui transposta para a psicologia da educação, objetivando alcançar – por esta interdisciplinaridade – aspectos fundamentais da psicologia infantil. A psicologia da educação ao lidar com as questões relativas ao processo ensino-aprendizagem não pode deixar de considerar a problemática do desenvolvimento da criança, porque somente quando consideramos as condições de desenvolvimento é que podemos avaliar e adequar o processo educacional; daí a relevância teórico-prática do trabalho de Spitz.
O psiquismo humano para desenvolver-se requer inicialmente uma organização, ou seja, um conjunto de amadurecimento neurofisiológico, estimulação sensório-motora e intercâmbio subjetivo com um adulto. Esta organização dá as condições de desenvolvimento futuro da personalidade, da subjetividade daquele ser,