Técnicas de Terapia Familiar
Salvador MINUCHIN e H. Charles FISHMAN
Ao longo do presente livro, alguns conceitos despertaram a minha atenção, nomeadamente os quatro seguintes: a espontaneidade, arte que o terapeuta deve manobrar com exímia, a co-participação, como forma do profissional conseguir ”aliar-se” à família para, dessa forma, promover a mudança no sistema, o conceito holon e, por fim, a forma de exemplificar os conceitos através da exposição de casos práticos.
Antes de passar a descrever estas noções, importa justificar a minha escolha: mais do que as técnicas, propriamente falando, penso que é importante que o terapeuta desenvolva a sua própria forma de trabalhar com as famílias e de dominar a forma de interação com estes sistemas e os seus membros, ter presente a importância da aliança terapêutica ao longo das intervenções, como o estabelecimento de empatia no contexto terapêutico é relevante e, por fim, mais do que saber a teoria, é importante saber transformá-la em prática. Tal como diria
Paulo Freire “a teoria sem a prática vira 'verbalismo', assim como a prática sem teoria, vira ativismo. No entanto, quando se une a prática com a teoria tem-se a práxis, a ação criadora e modificadora da realidade”.
De uma forma mais “inusual” de apresentar esta premissa, Minuchin e Fishman defendem que “treinamento em terapia familiar deveria (…) ser um meio de ensinar técnicas cuja essência deve ser dominada, para após ser esquecida” (pág.11). E é aqui que entra o primeiro conceito a destacar, a espontaneidade: segundo os autores, o terapeuta deve aprender a ser espontâneo, para “responder às circunstâncias de acordo com as regras do sistema, mantendo ao mesmo tempo o mais amplo uso possível de si mesmo” (pág.12). Quando se trabalha com um “instrumento” tão imprevisível e tão heterogéneo como são as famílias e os seus elementos, não se podem aplicar as técnicas e esperar que sejam sempre bem-sucedidas, independentemente de
considerarmos